segunda-feira, 28 de setembro de 2009


DISPO

Cerco e troco
escrevo e ponho

Levanto a saia e o subido
mostra a bainha do corpo
descubro o nu no vestido

Perpasso as mãos
nas penumbras
desacato o que é restrito

Disponho do proibido
permito dispo
desdigo

Caminho pelo prazer
por onde afirmo e prossigo


Maria Teresa Horta






sábado, 19 de setembro de 2009


Na penumbra me perco.
Surpreendida.Impaciente.
Como se uma reprimida dança
movesse o mais insólito enredo
nos meus passos.
Deito-me de bruços para cheirar,
na terra, o hálito do sonho que persigo
e o corpo cobre-se-me de ervas bravas.
Assim permaneço
até que uma lua de sangue me visite.


Graça Pires

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Gira..gira..


..e vem aí o Outono..

quinta-feira, 17 de setembro de 2009


Tristeza


Hoje estou triste.Não me apetece pensar em nada.
O nada existe?


QUASE

Um pouco mais de sol eu era brasa,
Um pouco mais de azul - eu era além.
Para atingir, faltou-me um golpe de asa...
Se ao menos eu permanecesse aquém...

Assombro ou paz? Em vão... Tudo esvaído
Num grande mar enganador de espuma;
E o grande sonho despertado em bruma,
O grande sonho - ó dor! - quase vivido...

Quase o amor, quase o triunfo e a chama,
Quase o princípio e o fim - quase a expansão...
Mas na minhalma tudo se derrama...
Entanto nada foi só ilusão!

De tudo houve um começo ... e tudo errou...
- Ai a dor de ser - quase, dor sem fim...
Eu falhei-me entre os mais, falhei em mim,
Asa que se elançou mas não voou...

Momentos de alma que desbaratei...
Templos aonde nunca pus um altar...
Rios que perdi sem os levar ao mar...
Ânsias que foram mas que não fixei...

Se me vagueio, encontro só indícios...
Ogivas para o sol - vejo-as cerradas;
E mãos de herói, sem fé, acobardadas,
Puseram grades sobre os precipícios...

Num ímpeto difuso de quebranto,
Tudo encetei e nada possuí...
Hoje, de mim, só resta o desencanto
Das coisas que beijei mas não vivi...

Um pouco mais de sol - e fora brasa,
Um pouco mais de azul - e fora além.
Para atingir faltou-me um golpe de asa...
Se ao menos eu permanecesse aquém...

Listas de som avançam para mim a fustigar-me
Em luz.
Todo a vibrar, quero fugir... Onde acoitar-me?...
Os braços duma cruz
Anseiam-se-me, e eu fujo também ao luar...

Mário de Sá-Carneiro

segunda-feira, 14 de setembro de 2009



VIAGEM



Na brancura
do quarto..
Na penumbra da vida,
Um toque de vermelho
Além..
Embarquei no comboio dos sonhos
e ..viajei..

Ana