terça-feira, 28 de dezembro de 2010
domingo, 26 de dezembro de 2010
TORMENTA
Que jaz no abismo sob o mar que se ergue?
Nós, Portugal, o poder ser.
Que inquietação do fundo nos soergue?
O desejar poder querer.
Isso, e o mistério de que a noite é o fausto...
Mas súbito, onde o vento ruge,
O relâmpago, farol de Deus, um hausto
Brilha,e o mar scuro struge.
Fernando Pessoa (1888-1935)
Mensagem
(edição de Fernando Cabral Martins)
Nós, Portugal, o poder ser.
Que inquietação do fundo nos soergue?
O desejar poder querer.
Isso, e o mistério de que a noite é o fausto...
Mas súbito, onde o vento ruge,
O relâmpago, farol de Deus, um hausto
Brilha,e o mar scuro struge.
Fernando Pessoa (1888-1935)
Mensagem
(edição de Fernando Cabral Martins)
terça-feira, 21 de dezembro de 2010
domingo, 12 de dezembro de 2010
Divaga
o olhar
a mão que toca o mundo.
Descansa permitindo-se ser
Permeando-se no universo numa intrincada teia de luzes.
Encontrando o tudo e o nada.
Divaga
Procurando agora o sentido
aqui
No Espaço.
Nas quatro dimensões.
O sentido
não o último, mas o que intermedeia a vida e a morte.
Efémeros sentidos
Prazer de ser.
Imensa mistura de terra e céu.
Aqui simplesmente aspiro Ser
Maria Teresa Mota
o olhar
a mão que toca o mundo.
Descansa permitindo-se ser
Permeando-se no universo numa intrincada teia de luzes.
Encontrando o tudo e o nada.
Divaga
Procurando agora o sentido
aqui
No Espaço.
Nas quatro dimensões.
O sentido
não o último, mas o que intermedeia a vida e a morte.
Efémeros sentidos
Prazer de ser.
Imensa mistura de terra e céu.
Aqui simplesmente aspiro Ser
Maria Teresa Mota
quinta-feira, 25 de novembro de 2010
SIM
E se te disser para ficares?
Se te disser que há um mundo que nos espera lá fora?
E que o mundo se reduz aqui e agora?
Se te disser tudo isto
E me disseres que sim,
Podes seguir viagem,
Levar-te.ei-sempre junto a mim.
Margarida Damião Ferreira
Se te disser que há um mundo que nos espera lá fora?
E que o mundo se reduz aqui e agora?
Se te disser tudo isto
E me disseres que sim,
Podes seguir viagem,
Levar-te.ei-sempre junto a mim.
Margarida Damião Ferreira
sábado, 20 de novembro de 2010
FILME CURTO
entrelaço as mãos sobre o meu desespero fininho
esfrego o rosto na incerteza do teu amor
roo a unha como se roesse a alma
fico parada
sinto que te perco no meio da feira
és o balão sem fio
sou o choro da criança
Ana Ventura
esfrego o rosto na incerteza do teu amor
roo a unha como se roesse a alma
fico parada
sinto que te perco no meio da feira
és o balão sem fio
sou o choro da criança
Ana Ventura
quinta-feira, 11 de novembro de 2010
AS IMPENSÁVEIS PORTAS DA ILUSÃO
O que é que leva o meu barco
para esta praia
onde um poder esquivo
se contenta
com a ambígua oferta de palavras?
Estamos aqui no exíguo barco do desejo
exibidos
na frágil singularidade do verbo
Insatisfeitos sempre
aguardamos
que se abram
as impensáveis portas da ilusão
Ana Hatherly
para esta praia
onde um poder esquivo
se contenta
com a ambígua oferta de palavras?
Estamos aqui no exíguo barco do desejo
exibidos
na frágil singularidade do verbo
Insatisfeitos sempre
aguardamos
que se abram
as impensáveis portas da ilusão
Ana Hatherly
terça-feira, 9 de novembro de 2010
quarta-feira, 3 de novembro de 2010
DESTINO
Não bordo por destino
nem me dobro
Não cedo à mão da vida
nem me encubro
Não cumpro não aceito
nem me calo
Não amo o que é imposto
Nem me afundo
Maria Teresa Horta
nem me dobro
Não cedo à mão da vida
nem me encubro
Não cumpro não aceito
nem me calo
Não amo o que é imposto
Nem me afundo
Maria Teresa Horta
sexta-feira, 29 de outubro de 2010
INSTABILIDADE
Depois dos limites da linguagem,
a vertigem torna-se maior.
Mas a instabilidade da poesia
existe apenas
porque o mundo se abrigou em nós.
A terra tornou-se
a evidência da ignorância
e a forma respira nas palavras.
Mares infindos e montanhas altas
procuram a claridade
de ser mais do que pedra e água.
Joel Henriques
a vertigem torna-se maior.
Mas a instabilidade da poesia
existe apenas
porque o mundo se abrigou em nós.
A terra tornou-se
a evidência da ignorância
e a forma respira nas palavras.
Mares infindos e montanhas altas
procuram a claridade
de ser mais do que pedra e água.
Joel Henriques
sexta-feira, 22 de outubro de 2010
CUMPLICIDADE
Escuto o vento distante.
É dor que não é sentida.
Mas a brisa refrescante
A roçagar-me atrevida
É como beijo de amante
Atrás da porta da vida.
António Levi De Meireles
É dor que não é sentida.
Mas a brisa refrescante
A roçagar-me atrevida
É como beijo de amante
Atrás da porta da vida.
António Levi De Meireles
quinta-feira, 14 de outubro de 2010
AGARREI O TEMPO
Agarrei o tempo cruzei o medo
Senti o olhar distante
Nas ondas esbranquiçadas
Que se agitam em
Ritmos bailados à dor
Sem vontade ou querer.
Agarrei o tempo perdido no silêncio
Preso na solidão de um olhar vazio
No despertar de um amanhecer
Do sonho perdido em cada anoitecer
De uma lágrima caída
De um sorriso silenciado.
Agarrei o tempo perdido nos sonhos
Que o vento arrastou na sua dança
Sonhos que se perderam
No desconhecido do infinito.
Agarrei o tempo...
Sem ter tempo
Para mim para ti...
Para nós...
Agarrei o tempo...
Mas perdi-o
Sem ter tempo para o viver!
Paula Pinto
Senti o olhar distante
Nas ondas esbranquiçadas
Que se agitam em
Ritmos bailados à dor
Sem vontade ou querer.
Agarrei o tempo perdido no silêncio
Preso na solidão de um olhar vazio
No despertar de um amanhecer
Do sonho perdido em cada anoitecer
De uma lágrima caída
De um sorriso silenciado.
Agarrei o tempo perdido nos sonhos
Que o vento arrastou na sua dança
Sonhos que se perderam
No desconhecido do infinito.
Agarrei o tempo...
Sem ter tempo
Para mim para ti...
Para nós...
Agarrei o tempo...
Mas perdi-o
Sem ter tempo para o viver!
Paula Pinto
quinta-feira, 7 de outubro de 2010
AMIGO
Se me tens como amigo
Abraça-me hoje contra o teu peito
Hoje sinto-me mendigo
Assim, marioneta sem jeito
Sinto um furacão de solidão
Habitar-me todo inteiro
E um perverso sentimento de desilusão
Me escarnece, tiro certeiro
Se me tens como amigo (ainda que tão só)
Não me lamentes
Acaricia-me e leva-me contigo
Porque eu criarei novas sementes
Assim, de modo terno, mas não me levantes
porque se Deus me concedeu este lamento
Amigo, tu já viste muito antes
Que minha alma só é alma quando há vento.
António Henrique
Abraça-me hoje contra o teu peito
Hoje sinto-me mendigo
Assim, marioneta sem jeito
Sinto um furacão de solidão
Habitar-me todo inteiro
E um perverso sentimento de desilusão
Me escarnece, tiro certeiro
Se me tens como amigo (ainda que tão só)
Não me lamentes
Acaricia-me e leva-me contigo
Porque eu criarei novas sementes
Assim, de modo terno, mas não me levantes
porque se Deus me concedeu este lamento
Amigo, tu já viste muito antes
Que minha alma só é alma quando há vento.
António Henrique
quinta-feira, 30 de setembro de 2010
SEDE
Suponho ponho
encaminho o espaço
no céu da tua boca
e teu palato
As palavras formadas
na saliva
quando bebo o vinho
em tua face
Faço o novelo
e desfaço a arte
teço com o grito da água
a tua sede
Seco com o linho do cabelo
e passo
ao lado mesmo do nó do teu abraço
Maria Teresa Horta
encaminho o espaço
no céu da tua boca
e teu palato
As palavras formadas
na saliva
quando bebo o vinho
em tua face
Faço o novelo
e desfaço a arte
teço com o grito da água
a tua sede
Seco com o linho do cabelo
e passo
ao lado mesmo do nó do teu abraço
Maria Teresa Horta
sexta-feira, 24 de setembro de 2010
DESEJO
Desenha-me devagarinho
Quero uma asa grande
Mas a cara de menino
Com um corpo adelgaçado
Rumo indistinto ao seu destino.
Sou carnal, animal solto
No descampado do teu corpo
Que nós já fomos corpo entrelaçado
Num passado que não distingo.
Desenha-me em laivos de ternura,
Na mancha, na pinta, na nódoa, mas contigo
E o resto, que o faça a eternidade.
António Henrique Figueiredo
Quero uma asa grande
Mas a cara de menino
Com um corpo adelgaçado
Rumo indistinto ao seu destino.
Sou carnal, animal solto
No descampado do teu corpo
Que nós já fomos corpo entrelaçado
Num passado que não distingo.
Desenha-me em laivos de ternura,
Na mancha, na pinta, na nódoa, mas contigo
E o resto, que o faça a eternidade.
António Henrique Figueiredo
domingo, 19 de setembro de 2010
SEM VOZ
Palavras duras?
Amores?
Desejos de palavras reais!
Cânticos de ternura precisam-se
Para embalar a solidão!
Gerações futuras abraçadas!
Saudade silenciosa!
Diz-me que amor existe em ti?
Medo de perder!
O quê?
Pedaços de afectos?
Desculpa!
Apenas peço que lutes
para seres digna de ti, mulher!
Faz-me o favor de ser feliz!
Cidália M. Correia
Amores?
Desejos de palavras reais!
Cânticos de ternura precisam-se
Para embalar a solidão!
Gerações futuras abraçadas!
Saudade silenciosa!
Diz-me que amor existe em ti?
Medo de perder!
O quê?
Pedaços de afectos?
Desculpa!
Apenas peço que lutes
para seres digna de ti, mulher!
Faz-me o favor de ser feliz!
Cidália M. Correia
sexta-feira, 17 de setembro de 2010
APOTEOSE
Mastros quebrados,singro num mar d'Ouro
Dormindo fogo, incerto, longemente...
Tudo se me igualou num sonho rente,
E em metade de mim hoje só moro...
São tristezas de bronze as que inda choro-
Pilastras mortas, mármores ao Poente...
Lajearam-se-me as Ânsias brancamente
Por claustros falsos onde nunca oro...
Desci de Mim. Dobrei o manto d'Astro,
Quebrei a taça de cristal e espanto,
Talhei em sombra o Oiro do meu rastro...
Findei...Horas-platina...Olor-brocado...
Luar-ânsia...Luz-perdão...Orquídeas-pranto...
----------------------------------------------------
-Ó pântanos de Mim- jardim estagnado...
Mário de Sá-Carneiro
Paris1914-junho 28
Dormindo fogo, incerto, longemente...
Tudo se me igualou num sonho rente,
E em metade de mim hoje só moro...
São tristezas de bronze as que inda choro-
Pilastras mortas, mármores ao Poente...
Lajearam-se-me as Ânsias brancamente
Por claustros falsos onde nunca oro...
Desci de Mim. Dobrei o manto d'Astro,
Quebrei a taça de cristal e espanto,
Talhei em sombra o Oiro do meu rastro...
Findei...Horas-platina...Olor-brocado...
Luar-ânsia...Luz-perdão...Orquídeas-pranto...
----------------------------------------------------
-Ó pântanos de Mim- jardim estagnado...
Mário de Sá-Carneiro
Paris1914-junho 28
segunda-feira, 13 de setembro de 2010
A COR DOS DIAS
O dia acorda sempre em cinza,
a própria luz é húmida e quente, o sol coado pelas nuvens ousa,
sabe que não temos ainda força para protestar.
O dia termina sempre num céu azul claro
riscado de vermelho laranja rosa,
num sol de profunda transparência
harmonia tranquila de quem nem precisa ousar,
porque nos deixa sempre
uma imensa vontade
de recomeçar.
Luísa Coelho
a própria luz é húmida e quente, o sol coado pelas nuvens ousa,
sabe que não temos ainda força para protestar.
O dia termina sempre num céu azul claro
riscado de vermelho laranja rosa,
num sol de profunda transparência
harmonia tranquila de quem nem precisa ousar,
porque nos deixa sempre
uma imensa vontade
de recomeçar.
Luísa Coelho
domingo, 5 de setembro de 2010
quinta-feira, 2 de setembro de 2010
POESIA
Todos me falam de ti
com palavras ambíguas.
Fui, eu sei, uma suspeita
de luz em teu olhar.
Virados a levante,
os meus cabelos
eram labaredas em teus dedos.
Na hora do combate
me nomeavas,
como se rezasses.
Pinto-a na minha imaginação
como a desejo, tanto na beleza
como na nobreza, disseste.
E vejo a minha expressão
na cor dos teus olhos.
Tão cúmplice, eu
de tamanho assombro.
Graça Pires
com palavras ambíguas.
Fui, eu sei, uma suspeita
de luz em teu olhar.
Virados a levante,
os meus cabelos
eram labaredas em teus dedos.
Na hora do combate
me nomeavas,
como se rezasses.
Pinto-a na minha imaginação
como a desejo, tanto na beleza
como na nobreza, disseste.
E vejo a minha expressão
na cor dos teus olhos.
Tão cúmplice, eu
de tamanho assombro.
Graça Pires
sexta-feira, 27 de agosto de 2010
quarta-feira, 25 de agosto de 2010
segunda-feira, 23 de agosto de 2010
O BEIJO
Eu ensinava-te a viver,
A olhar, a ouvir,
Ensinava-te a saborear.
Vem,
Senta-te e ouve.
Tenho muito que te dizer.
Toma, vê se gostas.
Este beijo é para ti.
Margarida Damião Ferreira
A olhar, a ouvir,
Ensinava-te a saborear.
Vem,
Senta-te e ouve.
Tenho muito que te dizer.
Toma, vê se gostas.
Este beijo é para ti.
Margarida Damião Ferreira
sábado, 21 de agosto de 2010
sexta-feira, 20 de agosto de 2010
POESIA
Pinto na janela a tormenta
de um mar imaginado.
De costas para a lua
preparo a minha fuga.
Enrolo à volta do corpo
a primeira onda:
a derradeira âncora
para roçar na boca
o lamento verde
das marés.
Graça Pires
de um mar imaginado.
De costas para a lua
preparo a minha fuga.
Enrolo à volta do corpo
a primeira onda:
a derradeira âncora
para roçar na boca
o lamento verde
das marés.
Graça Pires
sábado, 14 de agosto de 2010
terça-feira, 10 de agosto de 2010
SOMBRA
Deixa-me dizer de mim
novamente
o perfume das tílias a dobar o jardim
A sombra..a janela
e a luz..que desprende
no espelho o luar e depois o jasmim
Deixa que me assombre
e seja para sempre
na carícia dos lábios o aceso carmim
O destino o passado o momento presente
tudo aquilo onde chego
inventando ao que vim
Maria Teresa Horta
novamente
o perfume das tílias a dobar o jardim
A sombra..a janela
e a luz..que desprende
no espelho o luar e depois o jasmim
Deixa que me assombre
e seja para sempre
na carícia dos lábios o aceso carmim
O destino o passado o momento presente
tudo aquilo onde chego
inventando ao que vim
Maria Teresa Horta
domingo, 8 de agosto de 2010
Poema
Ver-nos-emos um dia
náufragos ou cegos
como animais da sombra.
Está escrito.
Na latitude total
da manhã
na aurora trazida pela noite.
Ver-nos-emos na palavra
de instantânea luz
gerada
no resíduo vivo
do amor.
Ver-nos-emos
tu no meu corpo
eu no teu
para celebrarmos
o regresso
da súbita apetência
de vida
que um dia
um anjo nos ofereceu.
Ana Marques Gastâo
náufragos ou cegos
como animais da sombra.
Está escrito.
Na latitude total
da manhã
na aurora trazida pela noite.
Ver-nos-emos na palavra
de instantânea luz
gerada
no resíduo vivo
do amor.
Ver-nos-emos
tu no meu corpo
eu no teu
para celebrarmos
o regresso
da súbita apetência
de vida
que um dia
um anjo nos ofereceu.
Ana Marques Gastâo
sábado, 31 de julho de 2010
MIL DESCULPAS
Sou o riso da mentira
A face da verdade!
Mil desculpas peço,
àqueles que não me entendem!
Mil abraços mando
àqueles que se cruzam
no caminho das palavras!
Mil beijos envio
àqueles que me aceitam,
sem julgar,o meu modo de ser!
Mas, àqueles que me julgam,
me condenam e me querem destruir
mando, de coração aberto,
o amor
pelo qual eu percorro
esta estrada da vida:
o meu destino!
Cidália M. Correia
A face da verdade!
Mil desculpas peço,
àqueles que não me entendem!
Mil abraços mando
àqueles que se cruzam
no caminho das palavras!
Mil beijos envio
àqueles que me aceitam,
sem julgar,o meu modo de ser!
Mas, àqueles que me julgam,
me condenam e me querem destruir
mando, de coração aberto,
o amor
pelo qual eu percorro
esta estrada da vida:
o meu destino!
Cidália M. Correia
segunda-feira, 26 de julho de 2010
POEMA
Corria Maio nos pinhais
e nós tínhamos fome e sede
e comíamos rosas
e bebíamos água
e os pássaros nasciam-nos na voz
e sem mistérios
simplesmente nus
descobríamos os gestos deslumbrantes
as melodias encantadas
éramos sol e lua penetrando-nos.
Fátima Pissarra
e nós tínhamos fome e sede
e comíamos rosas
e bebíamos água
e os pássaros nasciam-nos na voz
e sem mistérios
simplesmente nus
descobríamos os gestos deslumbrantes
as melodias encantadas
éramos sol e lua penetrando-nos.
Fátima Pissarra
quinta-feira, 22 de julho de 2010
PAZ
Escreve-me do teu mundo!
Lança sementes da tua essência,
na chuva de um acordar.
Dá ao tempo o prazer
de te acompanhar.
Desejamos a tua presença!
Paz, ouve as preces de uma sonhadora
que neste mar de conflito
sente a tua falta!
E faz chegar a este lugar
de inferno
a tua voz silenciosa!
Paz,
Deus fez-te para embalar a dor
dos que sentem o som da eternidade!
Cidália.M.Correia
Lança sementes da tua essência,
na chuva de um acordar.
Dá ao tempo o prazer
de te acompanhar.
Desejamos a tua presença!
Paz, ouve as preces de uma sonhadora
que neste mar de conflito
sente a tua falta!
E faz chegar a este lugar
de inferno
a tua voz silenciosa!
Paz,
Deus fez-te para embalar a dor
dos que sentem o som da eternidade!
Cidália.M.Correia
domingo, 18 de julho de 2010
SEMENTE
Desdobrei o nome de mãe
e desenhei...SEMENTE.
Mãe é mar e melodia.
Mãe é amor e alegria.
Mãe é essência e coração que
da Semente gerou fruto!
Ser de essência.
Elo de célula.
Melodia de alegria.
Emoção de vida.
Natal de nascimento.
Templo de amor.
Em profunda sintonia.
Mãe de amor!
Cidália M. Correia
e desenhei...SEMENTE.
Mãe é mar e melodia.
Mãe é amor e alegria.
Mãe é essência e coração que
da Semente gerou fruto!
Ser de essência.
Elo de célula.
Melodia de alegria.
Emoção de vida.
Natal de nascimento.
Templo de amor.
Em profunda sintonia.
Mãe de amor!
Cidália M. Correia
quarta-feira, 14 de julho de 2010
SIMPLES
Simples toques.
Silenciosos,
leves,
soltos,
macios.
Sopros de ternura e
de amor!
Regraço de abraço.
Amor que faço.
Toques sublimes que
me envolvem no infinito
do teu mundo.
Pés descalços
na macieza de um chão.
Singelos toques
da nossa cumplicidade
sem idade,
na simplicidade do amor.
Cidália M. Correia
Silenciosos,
leves,
soltos,
macios.
Sopros de ternura e
de amor!
Regraço de abraço.
Amor que faço.
Toques sublimes que
me envolvem no infinito
do teu mundo.
Pés descalços
na macieza de um chão.
Singelos toques
da nossa cumplicidade
sem idade,
na simplicidade do amor.
Cidália M. Correia
domingo, 11 de julho de 2010
PALAVRAS PARA TI
Papel sem cor
escrevi amor.
Folha em branco
senhor sem manto.
Palavras soltas
danças loucas.
Tempos de mudança
na força a esperança.
Brinco contigo
no fogo do perigo.
Neste escrever
soltei o meu querer.
Nesta troca de mim
escrevo palavras para ti.
Cidália M. Correia
escrevi amor.
Folha em branco
senhor sem manto.
Palavras soltas
danças loucas.
Tempos de mudança
na força a esperança.
Brinco contigo
no fogo do perigo.
Neste escrever
soltei o meu querer.
Nesta troca de mim
escrevo palavras para ti.
Cidália M. Correia
domingo, 4 de julho de 2010
JASMIM
Jasmim
Cheiro que ri
nos braços do vento.
Enamorado,
embriagado pelo desejo
de sentir o amor.
Sementes que nascem
para a luz
despertando a fragância
de um querer.
Delas acordam
aromas de jasmim.
Apaixonados,
abraçados
no banco de um jardim.
Cidália M.Correia
Cheiro que ri
nos braços do vento.
Enamorado,
embriagado pelo desejo
de sentir o amor.
Sementes que nascem
para a luz
despertando a fragância
de um querer.
Delas acordam
aromas de jasmim.
Apaixonados,
abraçados
no banco de um jardim.
Cidália M.Correia
terça-feira, 29 de junho de 2010
ONDE ME DEITAVA
O caos era onde me deitava
era o caos ordenado por fora e nele me alongava
como se nada.O caos era um ano
de hemisfério dissolvido no avançar pelos meses
à espera do outro hemisfério: alquimia
de duas metades sem dentes nem recortes.
E a cidade fora a consentir
este mágico desencantar de algum gesto
este meu mundo de dentro encantado
as minhas horas raro urgentes
a alegria violentada pelo vidro.
Wanda Ramos
era o caos ordenado por fora e nele me alongava
como se nada.O caos era um ano
de hemisfério dissolvido no avançar pelos meses
à espera do outro hemisfério: alquimia
de duas metades sem dentes nem recortes.
E a cidade fora a consentir
este mágico desencantar de algum gesto
este meu mundo de dentro encantado
as minhas horas raro urgentes
a alegria violentada pelo vidro.
Wanda Ramos
segunda-feira, 28 de junho de 2010
Obrigada Lili
Que nos continues a brindar com a tua poesia e com a tua amizade, por muitos e muitos anos..
OBRIGADA!
OBRIGADA!
sábado, 26 de junho de 2010
sexta-feira, 25 de junho de 2010
VERDADE
Nas tuas mãos autênticas, tamanhas
Que nelas cabe o mundo! ainda acredito
Que sejam altas, firmes, as montanhas
E puras as nascentes de granito.
O mais só nos enterra e só nos mente.
Que importa o azul do céu e o azul das águas?
O que procuro é gente
Que sinta o meu amor e as minhas mágoas!
Pedro Homem de Mello
Que nelas cabe o mundo! ainda acredito
Que sejam altas, firmes, as montanhas
E puras as nascentes de granito.
O mais só nos enterra e só nos mente.
Que importa o azul do céu e o azul das águas?
O que procuro é gente
Que sinta o meu amor e as minhas mágoas!
Pedro Homem de Mello
segunda-feira, 21 de junho de 2010
Na ilha por vezes habitada
Na ilha por vezes habitada do que somos, há noites,
manhãs e madrugadas em que não precisamos de
morrer.
Então sabemos tudo do que foi e será.
O mundo aparece explicado definitivamente e entra
em nós uma grande serenidade, e dizem-se as
palavras que a significam.
Levantamos um punhado de terra e apertamo-la nas
mãos.
Com doçura.
Aí se contém toda a verdade suportável: o contorno, a
vontade e os limites.
Podemos então dizer que somos livres, com a paz e o
sorriso de quem se reconhece e viajou à roda do
mundo infatigável, porque mordeu a alma até aos
ossos dela.
Libertemos devagar a terra onde acontecem milagres
como a água, a pedra e a raiz.
Cada um de nós é por enquanto a vida.
Isso nos baste.
Na ilha por vezes habitada do que somos, há noites,
manhãs e madrugadas em que não precisamos de
morrer.
Então sabemos tudo do que foi e será.
O mundo aparece explicado definitivamente e entra
em nós uma grande serenidade, e dizem-se as
palavras que a significam.
Levantamos um punhado de terra e apertamo-la nas
mãos.
Com doçura.
Aí se contém toda a verdade suportável: o contorno, a
vontade e os limites.
Podemos então dizer que somos livres, com a paz e o
sorriso de quem se reconhece e viajou à roda do
mundo infatigável, porque mordeu a alma até aos
ossos dela.
Libertemos devagar a terra onde acontecem milagres
como a água, a pedra e a raiz.
Cada um de nós é por enquanto a vida.
Isso nos baste.
Saramago
(in PROVAVELMENTE ALEGRIA, Editorial CAMINHO, Lisboa, 1985, 3ª Edição)
(in PROVAVELMENTE ALEGRIA, Editorial CAMINHO, Lisboa, 1985, 3ª Edição)
domingo, 20 de junho de 2010
DE MUITO PERTO
Amar de muito perto, de tão perto um olhar
do outro, nus e cegos, sem tempo, amarras,
desilusões contadas um ao outro. Uma biografia
é um monumento, uma sede sem razão. Frutos escassos
e sem poesia. Palavras, coisas vagamente sujas
ou perdoadas, esvoaçando, devassas.
Dedos de muito perto entrelaçados, húmidos,
armadilhas, questões de astronomia, coisas
vagamente segredadas, voláteis, cheias de azul.
Francisco José Viegas in " Se me comovesse o amor"
do outro, nus e cegos, sem tempo, amarras,
desilusões contadas um ao outro. Uma biografia
é um monumento, uma sede sem razão. Frutos escassos
e sem poesia. Palavras, coisas vagamente sujas
ou perdoadas, esvoaçando, devassas.
Dedos de muito perto entrelaçados, húmidos,
armadilhas, questões de astronomia, coisas
vagamente segredadas, voláteis, cheias de azul.
Francisco José Viegas in " Se me comovesse o amor"
quarta-feira, 16 de junho de 2010
domingo, 13 de junho de 2010
Prazeres
O primeiro olhar da janela de manhã
O velho livro de novo encontrado
Rostos animados
Neve, o mudar das estações
O jornal
O cão
A dialéctica
Tomar duche, nadar
Velha música
Sapatos cómodos
Compreender
Música nova
Escrever, plantar
Viajar, cantar
Ser amável.
Bertold Brecht, in 'Do Pobre B.B.'
O primeiro olhar da janela de manhã
O velho livro de novo encontrado
Rostos animados
Neve, o mudar das estações
O jornal
O cão
A dialéctica
Tomar duche, nadar
Velha música
Sapatos cómodos
Compreender
Música nova
Escrever, plantar
Viajar, cantar
Ser amável.
Bertold Brecht, in 'Do Pobre B.B.'
terça-feira, 8 de junho de 2010
FADO
Acalma a respiração,
Deixa de cavalgar,
Percorre-me, inspira-me,
Sente-me chorar.
Guitarras sem força,
Transbordam aromas
Tristes, em notas cansadas.
Cordas que percorrem teu corpo,
Gritam em desespero rouco.
Cavalgas, percorres-me,
Por curvas difíceis levo-te comigo.
Sem ida, sem volta.
Não tocas o sul nem sabes do norte,
Caminhas perdido,
Amaldiçoas a sorte.
Tocam-me as guitarras,
Choram minhas lágrimas,
Entoam meus medos.
E ouvem-se...
Ouvem-se, longas, sem fim.
Margarida Damião Ferreira
Deixa de cavalgar,
Percorre-me, inspira-me,
Sente-me chorar.
Guitarras sem força,
Transbordam aromas
Tristes, em notas cansadas.
Cordas que percorrem teu corpo,
Gritam em desespero rouco.
Cavalgas, percorres-me,
Por curvas difíceis levo-te comigo.
Sem ida, sem volta.
Não tocas o sul nem sabes do norte,
Caminhas perdido,
Amaldiçoas a sorte.
Tocam-me as guitarras,
Choram minhas lágrimas,
Entoam meus medos.
E ouvem-se...
Ouvem-se, longas, sem fim.
Margarida Damião Ferreira
quinta-feira, 3 de junho de 2010
POEMA
Ponho nestas memórias
a íntima clandestinidade
dos amantes.
Hei-de dizer o nome
de quantas aves se perderam
por roçarem o vazio da noite
em vagaroso voo.
Hei-de ocultar a cara
próximo de uma fonte,
para colar a boca
ao trilho das chuvas.
Hei-de cercar com águas
nocturnas o lume dos seios.
Depois, sei que vou estremecer de aflição,
quando o ranger das portas se confundir
com o chamamento da tristeza.
Graça Pires
a íntima clandestinidade
dos amantes.
Hei-de dizer o nome
de quantas aves se perderam
por roçarem o vazio da noite
em vagaroso voo.
Hei-de ocultar a cara
próximo de uma fonte,
para colar a boca
ao trilho das chuvas.
Hei-de cercar com águas
nocturnas o lume dos seios.
Depois, sei que vou estremecer de aflição,
quando o ranger das portas se confundir
com o chamamento da tristeza.
Graça Pires
terça-feira, 1 de junho de 2010
sábado, 29 de maio de 2010
POEMA
Palavras para a Minha Mãe
mãe, tenho pena. esperei sempre que entendesses
as palavras que nunca disse e os gestos que nunca fiz.
sei hoje que apenas esperei, mãe, e esperar não é suficiente.
pelas palavras que nunca disse, pelos gestos que me pediste
tanto e eu nunca fui capaz de fazer, quero pedir-te
desculpa, mãe, e sei que pedir desculpa não é suficiente.
às vezes, quero dizer-te tantas coisas que não consigo,
a fotografia em que estou ao teu colo é a fotografia
mais bonita que tenho, gosto de quando estás feliz.
lê isto: mãe, amo-te.
eu sei e tu sabes que poderei sempre fingir que não
escrevi estas palavras, sim, mãe, hei-de fingir que
não escrevi estas palavras, e tu hás-de fingir que não
as leste, somos assim, mãe, mas eu sei e tu sabes.
José Luís Peixoto, in "A Casa, a Escuridão"
mãe, tenho pena. esperei sempre que entendesses
as palavras que nunca disse e os gestos que nunca fiz.
sei hoje que apenas esperei, mãe, e esperar não é suficiente.
pelas palavras que nunca disse, pelos gestos que me pediste
tanto e eu nunca fui capaz de fazer, quero pedir-te
desculpa, mãe, e sei que pedir desculpa não é suficiente.
às vezes, quero dizer-te tantas coisas que não consigo,
a fotografia em que estou ao teu colo é a fotografia
mais bonita que tenho, gosto de quando estás feliz.
lê isto: mãe, amo-te.
eu sei e tu sabes que poderei sempre fingir que não
escrevi estas palavras, sim, mãe, hei-de fingir que
não escrevi estas palavras, e tu hás-de fingir que não
as leste, somos assim, mãe, mas eu sei e tu sabes.
José Luís Peixoto, in "A Casa, a Escuridão"
quinta-feira, 27 de maio de 2010
POEMA
é a visita do tempo nos teus olhos,
é o beijo do mundo nas palavras
por onde passa o rio do teu nome;
é a secreta distância em que tocas
o princípio leve dos meus versos;
é o amor debruçado no silêncio
que te cerca e que te esconde:
como num bosque, lento, ouvimos
o coração de uma fonte não sei onde...
Vítor Matos e Sá, in 'Esparsos'
é o beijo do mundo nas palavras
por onde passa o rio do teu nome;
é a secreta distância em que tocas
o princípio leve dos meus versos;
é o amor debruçado no silêncio
que te cerca e que te esconde:
como num bosque, lento, ouvimos
o coração de uma fonte não sei onde...
Vítor Matos e Sá, in 'Esparsos'
segunda-feira, 24 de maio de 2010
15
ao entardecer
desta amargura
apanhei
quinze barcos
para longe
de todos os tempos
e só ficou foi a névoa
de querer abrir-me
em beijos
e sussurrar
ao mar
e ao teu peito
que nada me separa
do desejo
de te viver.
Ana Ventura
desta amargura
apanhei
quinze barcos
para longe
de todos os tempos
e só ficou foi a névoa
de querer abrir-me
em beijos
e sussurrar
ao mar
e ao teu peito
que nada me separa
do desejo
de te viver.
Ana Ventura
quarta-feira, 19 de maio de 2010
POEMA
As portas que batem
nas casas que esperam.
Os olhos que passam
sem verem quem está.
O talvez um dia
Aos que desesperam.
O seguir em frente.
O não se me dá.
O fechar os olhos
a quem nos olhou.
O não querer ouvir
quem nos quer dizer.
O não reparar
que nada ficou.
Seguir sempre em frente
E nem perceber.
Maria Judite de Carvalho
nas casas que esperam.
Os olhos que passam
sem verem quem está.
O talvez um dia
Aos que desesperam.
O seguir em frente.
O não se me dá.
O fechar os olhos
a quem nos olhou.
O não querer ouvir
quem nos quer dizer.
O não reparar
que nada ficou.
Seguir sempre em frente
E nem perceber.
Maria Judite de Carvalho
quinta-feira, 13 de maio de 2010
AMOR
Dois mil cigarros.
E uma centena de milhas
de parede a parede.
Uma eternidade e meia de vigílias
mais brancas do que a neve.
Toneladas de palavras
velhas como pegadas
de um ornitorrinco na areia.
Uma centena de livros que ficaram por escrever.
Uma centena de pirâmides que ficaram por construir.
Lixo.
Pó.
Amargo
como o princípio do mundo.
Acredita em mim quando digo
que foi belo.
Miroslav Holub
E uma centena de milhas
de parede a parede.
Uma eternidade e meia de vigílias
mais brancas do que a neve.
Toneladas de palavras
velhas como pegadas
de um ornitorrinco na areia.
Uma centena de livros que ficaram por escrever.
Uma centena de pirâmides que ficaram por construir.
Lixo.
Pó.
Amargo
como o princípio do mundo.
Acredita em mim quando digo
que foi belo.
Miroslav Holub
segunda-feira, 10 de maio de 2010
POR UM POETA
Ninguém se apaixona por um poeta
Porque um poeta não é constante
De mil coisas se veste,
Ainda que um dia cante
No outro é triste lamento
É lágrima seca p'lo vento
Ninguém se apaixona por um poeta
porque ele ama a natureza
E entristece com a certeza
Que a vida é toda incerteza!
Ninguém se apaixona por um poeta
Porque ninguém, não é pessoa!...
António Henrique Figueiredo
Porque um poeta não é constante
De mil coisas se veste,
Ainda que um dia cante
No outro é triste lamento
É lágrima seca p'lo vento
Ninguém se apaixona por um poeta
porque ele ama a natureza
E entristece com a certeza
Que a vida é toda incerteza!
Ninguém se apaixona por um poeta
Porque ninguém, não é pessoa!...
António Henrique Figueiredo
quinta-feira, 6 de maio de 2010
AI QUEM ME DERA
Ai, quem me dera terminasse a espera
Retornasse o canto simples e sem fim
E ouvindo o canto se chorasse tanto
Que do mundo o pranto se estancasse enfim
Ai, quem me dera ver morrer a fera
Ver nascer o anjo, ver brotar a flor
Ai, quem me dera uma manhã feliz
Ai, quem me dera uma estação de amor
Ah, se as pessoas se tornassem boas
E cantassem loas e tivessem paz
E pelas ruas se abraçassem nuas
E duas a duas fossem ser casais
Ai, quem me dera ao som de madrigais
Ver todo mundo para sempre afim
E a liberdade nunca ser demais
E não haver mais solidão ruim
Ai, quem me dera ouvir o nunca-mais
Dizer que a vida vai ser sempre assim
E, finda a espera, ouvir na Primavera
Alguém chamar por mim
Vinicius de Moraes
De Livro de letras
Retornasse o canto simples e sem fim
E ouvindo o canto se chorasse tanto
Que do mundo o pranto se estancasse enfim
Ai, quem me dera ver morrer a fera
Ver nascer o anjo, ver brotar a flor
Ai, quem me dera uma manhã feliz
Ai, quem me dera uma estação de amor
Ah, se as pessoas se tornassem boas
E cantassem loas e tivessem paz
E pelas ruas se abraçassem nuas
E duas a duas fossem ser casais
Ai, quem me dera ao som de madrigais
Ver todo mundo para sempre afim
E a liberdade nunca ser demais
E não haver mais solidão ruim
Ai, quem me dera ouvir o nunca-mais
Dizer que a vida vai ser sempre assim
E, finda a espera, ouvir na Primavera
Alguém chamar por mim
Vinicius de Moraes
De Livro de letras
domingo, 2 de maio de 2010
AS PALAVRAS DIRIGEM-SE UMAS ÀS OUTRAS
As palavras dirigem-se umas às outras:
dormentes nos dias cinzentos
acordam nos sonhos
mas acordam-nos dos sonhos
salvadoras-matadoras
roedoras de raízes
O seu alcance é
a vastidão erma do sentido
À flor do rio do olvido
o seu brilho
flutua fugaz no corpo da grafia
Ana Hatherly
dormentes nos dias cinzentos
acordam nos sonhos
mas acordam-nos dos sonhos
salvadoras-matadoras
roedoras de raízes
O seu alcance é
a vastidão erma do sentido
À flor do rio do olvido
o seu brilho
flutua fugaz no corpo da grafia
Ana Hatherly
domingo, 25 de abril de 2010
MEU AMOR QUE EU NÂO SEI
Meu amor que eu não sei. Amor que eu canto. Amor que eu digo.
Teus braços são a flor do aloendro.
Meu amor por quem parto. Por quem fico. Por quem vivo.
Teus olhos são da cor do sofrimento.
Teus braços são a flor do aloendro.
Meu amor por quem parto. Por quem fico. Por quem vivo.
Teus olhos são da cor do sofrimento.
Amor-país.
Quero cantar-te. Como quem diz:
Quero cantar-te. Como quem diz:
O nosso amor é sangue. É seiva. E sol. E primavera.
Amor intenso. Amor imenso. Amor instante.
O nosso amor é uma arma. E uma espera.
O nosso amor é um cavalo alucinante.
Amor intenso. Amor imenso. Amor instante.
O nosso amor é uma arma. E uma espera.
O nosso amor é um cavalo alucinante.
O nosso amor é um pássaro voando. Mas à toa.
Rasgando o céu azul-coragem de Lisboa,
Amor partindo. Amor sorrindo. Amor doendo.
O nosso amor é como a flor do aloendro.
Rasgando o céu azul-coragem de Lisboa,
Amor partindo. Amor sorrindo. Amor doendo.
O nosso amor é como a flor do aloendro.
Deixa-me soltar estas palavras amarradas
Para escrever com sangue o nome que inventei.
Romper. Ganhar a voz duma assentada.
Dizer de ti as coisas que eu não sei.
Amor. Amor. Amor. Amor de tudo ou nada.
Amor-verdade. Amor-cidade.
Amor-combate. Amor-abril.
Este amor de liberdade.
Para escrever com sangue o nome que inventei.
Romper. Ganhar a voz duma assentada.
Dizer de ti as coisas que eu não sei.
Amor. Amor. Amor. Amor de tudo ou nada.
Amor-verdade. Amor-cidade.
Amor-combate. Amor-abril.
Este amor de liberdade.
In "Amor Combate"
Subscrever:
Mensagens (Atom)