segunda-feira, 30 de maio de 2011

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Mergulharei em finas neblinas
que abrirão comportas do nunca visto
dos sentidos puros onde
cada cheiro,
cor
me transportará a recantos não visitados.
Quantas coisas direi
sem querer
Quantas armas usarei
para me impedir de te amar
até ao insuportável.
Forjei lanças e dardos
sem procurar outros caminhos.
Repito vezes sem conta verdades....
que nem relativas são!
Resisto.
Entrego!


Maria Teresa Mota


domingo, 15 de maio de 2011

QUOTIDIANO

Tu permites que eu vá
mas também me reténs
tentando seguir a minha falta

Imaginas que fujo enquanto me tens
e supões-me estar perto
quando afinal já parto

Tu ficas atento, inventas passagens
contas pelos dedos
tudo aquilo que faço

E quando me disfarço fechas os olhos
àquilo que importa

Finges que não sabes
abres a janela e trancas-me a porta


Maria Teresa Horta


terça-feira, 10 de maio de 2011

Ternura

Desvio dos teus ombros o lençol
que é feito de ternura amarrotada,
da frescura que vem depois do Sol,
quando depois do Sol não vem mais nada...

Olho a roupa no chão: que tempestade!
há restos de ternura pelo meio,
como vultos perdidos na cidade
em que uma tempestade sobreveio...

Começas a vestir-te, lentamente,
e é ternura também que vou vestindo,
para enfrentar lá fora aquela gente
que da nossa ternura anda sorrindo...

Mas ninguém sonha a pressa com que nós
a despimos assim que estamos sós!


David Mourão-Ferreira
infinito pessoal ou a arte de amar-1962