sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Zeca Afonso sempre



No 25º aniversário do seu «dobrar a curva da estrada»

Desta canção que apeteço
À espera do Maio ido
Chega-me agora um trinado
Do outro lado do rio

Quisera ser rio ou ave 
Cair no chão que estremeço
Para cantar à vontade
Esta canção que apeteço

Esta canção a meu gosto
Vinda pela madrugada
Sai da garganta da gente
Aos magotes pela estrada


  Escrito na prisão de Caxias




 




segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

DE UMA SÓ VEZ

Então deixa-me fugir contigo.
Deixa-me largar as pedras, abandonar as ruas,
Empurrar o chão e subir às nuvens.
Soltar amarras, correntes e pendentes
Ir contigo para o preenchido vazio.

Deixa-me entrar nesse colorido,
Ser o centro do vermelho garrido
Do longe, do vasto, do desejo
Respirado, finalmente desejado.

Então deixa-me entrar nessa vida contigo,
Sair desta e ver que o mundo
Se renova cada dia.

Margarida Damião Ferreira