quinta-feira, 22 de abril de 2010

POEMA

Deixo que venha
se aproxime ao de leve
pé ante pé até ao meu ouvido

Enquanto no peito o coração
estremece
e se apressa no sangue enfebrecido

Primeiro a floresta e em seguida
o bosque
mais bruma do que neve no tecido

Do poema que cresce e o papel absorve
verso a verso primeiro
em cada desabrigo


Toca então a torpeza e agacha-se
sagaz
um lobo faminto e recolhido


Ele trepa de manso e logo tão voraz
que da luz é a noz
e depois o ruído


Toma ágil o caminho
e em seguida o atalho
corre em alcateia ou fugindo sozinho


Na calada da noite desloca-se e traz
consigo o luar
com vestido de arminho


Sinto-o quando chega no arrepio
da pele, na vertigem selada
do pulso recolhido


À medida que escrevo
e o entorno no sonho
o dispo sem pressa e o deito comigo




Maria Teresa Horta
in "Inquietude" 




 

4 comentários:

  1. Confesso que não conhecia este poema. É lindo, obrigado por partilhares.

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  2. *
    M. T. Horta,
    na inquietude
    das suas palavras .
    ,
    uma boa escolha,
    parabéns,
    ,
    conchinhas,
    *

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  3. AnaIsabel

    deixo-te esta inquietude...

    O cheiro da terra fica para sempre.
    É mesmo feitiço.

    Beijos

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  4. Olá, belo poema...bela fotografia...Espectacular....
    Beijos

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