sábado, 25 de julho de 2015


Falavam-me de amor

Quando um ramo de doze badaladas
se espalhava nos móveis e tu vinhas
solstício de mel pelas escadas
de um sentimento com nozes e com pinhas,
menino eras de lenha e crepitavas
porque do fogo o nome antigo tinhas
e em sua eternidade colocavas
o que a infância pedia às andorinhas.
Depois nas folhas secas te envolvias
de trezentos e muitos lerdos dias
e eras um sol na sombra flagelado.
O fel que por nós bebes te liberta
e no manso natal que te conserta
só tu ficaste a ti acostumado.


Natália Correia




quinta-feira, 11 de junho de 2015


Espanto

O brilho no olhar.
O espanto do desconhecido.
A alegria da descoberta.
A felicidade espelhada no rosto.

Sensação de maravilha,
Que logo cedo se perde,
Quando ao fim de poucos dias
O que era novo depressa passa a velho.

Em nada acho novidade,
Com pouco já me surpreendo.
Assim vou vivendo a vida,
Com o brilho dos olhos pouco intenso.

Saudades dessa alegria,
Cansada da monotonia,
Quero de novo me maravilhar
Sempre, todos os dias, apenas com um simples
Olhar!

Por vezes paro.
Paro.
Descanso o pensamento,
Cesso a inquietação,
Sossego o meu viver.

Afasto as ideias gigantes
E delicio-me nos pormenores,
Nos detalhes de um poema;
No sorriso das crianças;
Na canção da Natureza.

Assim me detenho.
Quieta.
O vento desmaia sobre mim
E adormeço,
Embalada apenas nos versos do meu ser...


Dulce Guarda