quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Recantos..

..no meu país..

domingo, 27 de dezembro de 2009

BEIJASTE-ME

Beijaste-me
com tal espontaneidade
quando me viste,
que eu pensei então
e até aposto
que a verdadeira amizade,
ainda existe.
É a que tem, na voz, o coração
e que, tendo-a também no rosto,
como tu tinhas,
por isso, fizeste mais:


            sorriste! 



António Alves Seara in" Um Rio Chamado Ilusão"




 










segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Horas Rubras

Horas profundas, lentas e caladas
Feitas de beijos sensuais e ardentes,
De noites de volúpia, noites quentes
Onde há risos de virgens desmaiadas...

Ouço as olaias rindo desgrenhadas...
Tombam astros em fogo, astros dementes.
E do luar os beijos languescentes
São pedaços de prata p’las estradas...

Os meus lábios são brancos como lagos...
Os meus braços são leves como afagos,
Vestiu-os o luar de sedas puras...

Sou chama e neve branca misteriosa...
E sou talvez, na noite voluptuosa,
Ó meu Poeta, o beijo que procuras !

Florbela Espanca




sábado, 19 de dezembro de 2009

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

ENTARDECER

Não sei bem porquê,
mas hoje o sol era verde!
encheu-se, talvez,
do verde dos lagos,
do verde dos rios
e das árvores.

E a tarde ficou verde
e silente.
Era mesmo uma tarde ausente
de pecado e dor.
E, porque o sol era verde,
cada criança,
cada ser em flor,
sentiam que era chegada
a hora desejada
da esperança e do amor!
Era, eu bem sei,
a hora em que sonhei
que iria começar
um mundo melhor!

Verde era até
o fumo de cada chaminé.

           Tudo, afinal,
           porque, nesta tarde
           de tão bela claridade,
           e calma,
           verde era, na verdade,
           o que viam os olhos
           da minha alma!






António Alves Seara in Um Rio Chamado Ilusão





 



terça-feira, 15 de dezembro de 2009

AMIGO

Mal nos conhecemos
Inaugurámos a palavra amigo!
" Amigo" é um sorriso
De boca em boca,
Um olhar bem limpo,
Uma casa, mesmo modesta, que se oferece,
Um coração pronto a pulsar
Na nossa mão!
" Amigo" (recordam-se, vocês aí,
Escrupulosos detritos?)
" Amigo" é o contrário de inimigo!
" Amigo" é o erro corrigido
Não o erro perseguido, explorado,
É a verdade partilhada, praticada!
" Amigo" é a solidão derrotada!
" Amigo" é uma grande tarefa,
É um trabalho sem fim
Um espaço sem fim,
Um espaço útil, um tempo fértil,
" Amigo" vai ser, é já uma grande festa!

 



Alexandre O'Neill, No Reino da Dinamarca





 

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Poesia

Deixa-me dormir
quando
morre a noite.
Assim o amor
será absoluto
sacrifício
impassível sangue
árido prazer.

Deixa-me dormir
quando
morre a noite.
Assim o amor
guardará
uma grega ilusão
de sonho
e embriaguez.


Deixa-me dormir
quando
morre a noite.
Assim o amor
terá merecido
a dor, veloz,
insustentável
e imoderada.


Deixa-me dormir
quando
morre a noite.
Assim o amor
dir-nos-á
sois abandonados
cristos
na boca de deus.




Ana Marques Gastão






 

domingo, 6 de dezembro de 2009

Brincadeiras


 





 


 

Arte

Hoje podia dizer-te mais.

Podia dizer-te que não adianta fingir,
Porque não vou a parte alguma do mundo.

Fico aqui, assim,
No mesmo lugar onde me encontraste,
Na espera em que me deixaste.

Estou aqui,
A segurar tua mão,
A passar a minha pela tua testa,
A vigiar-te a sesta.

Amparo-te a queda,
Empolo-te a vitória.
Mas, daqui não parto.

Porque nada saberia fazer melhor
Do que amar-te.

Essa é a minha arte.



Margarida Damião Ferreira







quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Poesia

Quanto, quanto me queres?-perguntaste
Numa voz de lamento diluída;
E quando nos meus olhos demoraste
A luz dos teus senti a luz da vida.

Nas tuas mãos as minhas apertaste;
Lá fora da luz do Sol já combalida
Era um sorriso aberto num contraste
Com a sombra da posse proibida...

Beijá-mo-nos, então, a latejar

No infinito e pálido vaivém
Dos corpos que se entregam sem pensar...

Não perguntes, não sei-não sei dizer:
Um grande amor só se avalia bem
Depois de se perder.


António Botto





terça-feira, 1 de dezembro de 2009