domingo, 20 de junho de 2010

DE MUITO PERTO

Amar de muito perto, de tão perto um olhar
do outro, nus e cegos, sem tempo, amarras,
desilusões contadas um ao outro. Uma biografia
é um monumento, uma sede sem razão. Frutos escassos
e sem poesia. Palavras, coisas vagamente sujas
ou perdoadas, esvoaçando, devassas.
Dedos de muito perto entrelaçados, húmidos,
armadilhas, questões de astronomia, coisas
vagamente segredadas, voláteis, cheias de azul.


Francisco José Viegas in " Se me comovesse o amor"




 

2 comentários:

  1. Excelente. Não conhecia, fiquei a conhecer.

    Obrigado por partilhares.

    ResponderEliminar
  2. *
    uma boa escolha,
    ,
    de muito longe,
    que acompanhe F. J. Viegas !
    ,
    conchinhas, ficam,
    *

    ResponderEliminar