quinta-feira, 3 de junho de 2010

POEMA

Ponho nestas memórias
a íntima clandestinidade
dos amantes.
Hei-de dizer o nome
de quantas aves se perderam
por roçarem o vazio da noite
em vagaroso voo.
Hei-de ocultar a cara
próximo de uma fonte,
para colar a boca
ao trilho das chuvas.
Hei-de cercar com águas
nocturnas o lume dos seios.
Depois, sei que vou estremecer de aflição,
quando o ranger das portas se confundir
com o chamamento da tristeza.

Graça Pires 



4 comentários:

  1. Graça

    Quanta profundidade no poema? Lido e relido fica-se sempre com a sensação de um pensamemto profundo.
    Daniel

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  2. *
    Uma feliz escolha, a tua !
    ,
    É melhor não dormirmos
    sob o árido labirinto da tristeza.
    À nossa frente existe um pórtico
    purificado por uma névoa de sons.
    Vamos transgredir o limiar do absurdo,
    porque encontramos um abrigo musical,
    onde ninguém pode separar as nossas bocas
    o percurso das águas outonais.
    ,
    In – Graça Pires !
    ,
    conchinhas nocturnas,
    ,
    *

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  3. Muito bem escolhido este poema contagiante.
    Obrigado pela partilha.

    Abraço

    Vieira MCM

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