sexta-feira, 17 de setembro de 2010

APOTEOSE

Mastros quebrados,singro num mar d'Ouro
Dormindo fogo, incerto, longemente...
Tudo se me igualou num sonho rente,
E em metade de mim hoje só moro...

São tristezas de bronze as que inda choro-
Pilastras mortas, mármores ao Poente...
Lajearam-se-me as Ânsias brancamente
Por claustros falsos onde nunca oro...

Desci de Mim. Dobrei o manto d'Astro,
Quebrei a taça de cristal e espanto,
Talhei em sombra o Oiro do meu rastro...

Findei...Horas-platina...Olor-brocado...
Luar-ânsia...Luz-perdão...Orquídeas-pranto...

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-Ó pântanos de Mim- jardim estagnado...



Mário de Sá-Carneiro

Paris1914-junho 28


1 comentário:

  1. *
    Ah! que as tuas nostalgias
    fôssem guisos de prata -
    Teus frenesis, lantejoulas;
    E os ócios em que estiolas,
    Luar que se desbarata...
    ,
    in-Mário de Sá-Carneiro,
    ,
    conchinhas,
    ,
    *

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