quinta-feira, 7 de outubro de 2010

AMIGO

Se me tens como amigo
Abraça-me hoje contra o teu peito
Hoje sinto-me mendigo
Assim, marioneta sem jeito

Sinto um furacão de solidão
Habitar-me todo inteiro
E um perverso sentimento de desilusão
Me escarnece, tiro certeiro

Se me tens como amigo (ainda que tão só)
Não me lamentes
Acaricia-me e leva-me contigo
Porque eu criarei novas sementes

Assim, de modo terno, mas não me levantes
porque se Deus me concedeu este lamento
Amigo, tu já viste muito antes
Que minha alma só é alma quando há vento.


António Henrique



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