terça-feira, 10 de maio de 2011

Ternura

Desvio dos teus ombros o lençol
que é feito de ternura amarrotada,
da frescura que vem depois do Sol,
quando depois do Sol não vem mais nada...

Olho a roupa no chão: que tempestade!
há restos de ternura pelo meio,
como vultos perdidos na cidade
em que uma tempestade sobreveio...

Começas a vestir-te, lentamente,
e é ternura também que vou vestindo,
para enfrentar lá fora aquela gente
que da nossa ternura anda sorrindo...

Mas ninguém sonha a pressa com que nós
a despimos assim que estamos sós!


David Mourão-Ferreira
infinito pessoal ou a arte de amar-1962


 

 

3 comentários:

  1. Este poema é verdadeiramente delicioso...Gosto muito de David Mourão-Ferreira.

    A foto, delicada...e linda.

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  2. Bella tu poesía..

    Sé que paso poco tiempo por tu espacio, por los blog.
    Lo siento pero siempre disfruto de tu espacio..

    Te dejo un abrazo
    Con mis
    Saludos fraternos de siempre..

    Que disfrutes del fin de semana....

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  3. Preciosa poesia,
    un placer pasar por tu casa.
    te dejo mi saludo y feliz finde.
    un abrazo.

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