quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

PIED-DE-NEZ

Lá anda a minha Dor às cambalhotas
No salão de vermelho atapetado-
Meu cetim de ternura engordurado,
Rendas da minha ânsia todas rotas.

O Erro sempre a rir-me em destrambelho-
Falso mistério, mas que não se abrange...
De antigo armário que agoirento range,
Minha alma actual o esverdinhado espelho...

Chora em mim um palhaço às piruetas;
O meu castelo em Espanha, ei-lo vendido-
E, entretanto, foram de violetas,

Deram-me beijos sem os ter pedido...
Mas como sempre, ao fim - bandeiras pretas,
Tômbolas falsas,carrossel partido...




Mário de Sá-Carneiro


 

 

2 comentários:

  1. *
    como se nota bem,
    o teu gosto pela poesia,
    ,
    a escolha de Mário Sá-Carneiro
    é um exemplo, enorme !
    ,
    conchinhas muitas, ficam .

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  2. Parabéns pelo bom gosto na poesia que escolhes.
    Gostei muito do teu blog.
    Beijo.

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